Separação de contas é a principal lição para PMEs
Despreparo nesse requisito é um dos principais motivos para a mortalidade das micro e pequenas empresas.
As condições estão mais favoráveis ao surgimento de novos empreendimentos - o ambiente legal melhorou, os juros caíram, o mercado interno se fortaleceu e o acesso ao crédito ficou mais fácil -, mas uma boa gestão dos recursos financeiros persiste como um grande desafio para o sucesso dos negócios. Despreparo nesse requisito é um dos principais motivos para a mortalidade das micro e pequenas empresas.
A avaliação é de Luiz Barretto, presidente da Agência de Apoio ao Empreendedor e Pequeno Empresário (Sebrae), que aponta outro cenário desafiador para a longevidade dos empreendimentos: é comum o micro e pequeno empresário não fazer distinção entre as finanças da empresa e suas contas pessoais. "E isso é prejudicial aos negócios, porque dificulta o controle financeiro e, principalmente, impede uma avaliação correta de custos da empresa, ações de melhoria e planejamento de investimentos."
O Sebrae tem desenvolvido ações para ajudar os micro e pequenos empreendedores a fazer uma gestão saudável dos recursos financeiros. Uma das demandas das empresas é relacionada à contratação de crédito. Quem acessar a página do órgão na internet, por exemplo, irá se deparar com uma série de informações detalhadas para auxiliar no acesso a mercados e serviços financeiros. Os empresários também encontram dicas para uma boa administração financeira e orientações sobre o momento certo para buscar e como conseguir financiamento.
Com atendimento individual, que pode ser por telefone ou internet, o Sebrae fornece informações de como ter acesso aos produtos e serviços bancários em geral. O objetivo é promover uma cultura de relacionamento entre os pequenos empresários e as instituições financeiras baseada na orientação e informação qualificada.
As iniciativas da entidade visam os bancos públicos e privados. Neste caso, o órgão abastece as instituições financeiras com dados que destacam a importância do atendimento customizado ao pequeno negócio e as barreiras existentes para o relacionamento bancário. Segundo Barretto, este trabalho é feito com o apoio de um módulo gerencial baseado em estudos e pesquisas do Sebrae, que apresentam estatísticas e diferenças entre os tipos e portes de negócios: microempreendedor individual (MEI), micro e pequena empresa.
O Brasil tem 7 milhões de micro e pequenas empresas, que faturam até R$ 3,6 milhões por ano e cuja taxa de mortalidade caiu consideravelmente no período de dez anos. Antes, metade delas encerrava suas atividades sem completar dois anos no mercado, que são considerados os mais difíceis para um novo empreendimento. Hoje, de cada cem micro e pequenos negócios que surgem, 73 sobrevivem aos primeiros dois anos.
Iniciativas que visam a melhoria da gestão dos negócios ganham mais importância se considerado o fato de que os micro e pequenos empresários formam um público diferenciado, principalmente o MEI, que fatura no máximo R$ 60 mil por ano, destaca Barretto. Nos últimos três anos, mais de 2,5 milhões de pessoas se cadastraram nesta categoria, boa parte delas já atuava no mercado informal.