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3 mitos sobre liderança que só atrapalham empreendedores

Mitos sobre liderança que atrapalham empreendedores

“Aprender com os seus erros é muito importante, mas aprender com os erros dos outros é certamente muito mais barato” - ouvi certa vez de um dos maioresempreendedores do país. Já tive grandes lições sobre empreendedorismo ouvindo líderes de scale-ups, empresas que conseguem sustentar um alto crescimento, em geração de emprego e renda. Dentre suas habilidades, as mais importantes são a resiliência para solucionar problemas e a capacidade de liderar e inspirar seus times.

Mas mesmo com essas características, a jornada de alguém que está à frente de um negócio com esse perfil não é nada fácil – assim como a vida de qualquer empreendedor. Se fossem pessoas, essas empresas seriam adolescentes: inovadores, impulsivos, e lançadores de tendências. Teriam crises existenciais o tempo todo, e o crescimento rápido até chegaria a doer.

Ao acompanhar empreendedores com esse alto impacto, em 25 países, vemos claramente que o principal gargalo para o desenvolvimento das empresas não está nas questões técnicas de negócios, como muitos poderiam imaginar, mas sim, na figura do empreendedor como líder. Sua capacidade de aprender e evoluir junto com a maturidade da empresa, deve chegar ao ponto em que formar outros líderes, que multipliquem sua visão do negócio, vire o foco principal. Pensando nisso, que tipo de líder você quer formar para o seu negócio, empreendedor?

No livro “Good to Great”, o autor e consultor Jim Collins identifica a presença de “líderes nível 5” como um dos principais pilares que separam empresas fantásticas das boas e ruins. A definição de liderança nível 5, para Collins, é um indivíduo que consegue agregar destreza profissional com humildade pessoal e tem um foco constante em resultados sustentáveis de longo prazo. O segredo desses líderes para alcançar estes resultados, estaria ligado à preocupação em garantir que as melhores pessoas em seus times, e que todos, estejam “remando na mesa direção”.

O que impede a maioria dos empreendedores de terem mais “líderes nível 5” em seus times, seria uma limitação da visão sobre que é ser um bom líder, embasada nos principais mitos que conhecemos sobre o tema:

1. Liderança é sobre ambição e desempenho

Segundo Jack Welch, “Antes de se tornar um líder, sucesso significa autodesenvolvimento. Quando você se torna um líder, sucesso significa desenvolver outras pessoas”.

Por que, em muitos casos, as vendas caem drasticamente logo após a promoção de um ótimo vendedor para gerente comercial, por exemplo?

Ao promover pelo melhor desempenho, o empreendedor muitas vezes se esquece de ver se o indivíduo possui as habilidades de se comunicar, motivar e desenvolver um time - características que são essenciais a um bom líder. Nesse caso, o empreendedor faz a troca de um excelente vendedor por um gerente medíocre, pondo em risco o desempenho da organização como um todo e criando um exemplo ruim para as próximas gerações de gestores.

Os modelos mais modernos de desenho organizacional já contemplam formatos de planos de carreira em que os colaboradores podem optar em se desenvolver em uma carreira técnica (o foco é ficar cada vez melhor numa atividade específica e ser reconhecido por isso) ou gerencial (aprender a montar, desenvolver e comunicar-se com equipes). Encontra-se cada vez mais no mercado chefes mais novos do que as pessoas no seu time e que inclusive ganham menos do que eles também.

2. O líder não deve demonstrar fraquezas

A visão popular sobre o que é um líder muitas vezes está representada por um indivíduo “superior”, dotado de habilidades extraordinárias e que sempre tem as respostas certas para guiar seus liderados. Essa mentalidade cria uma pressão descomunal em líderes de diversas organizações para não hesitarem e não demonstrarem dúvidas, resultando numa geração de gestores intransigentes e inseguros, incapazes de pedir ajuda e de criar uma atmosfera de colaboração na empresa.

A criação de um laço de identificação interpessoal é uma forma muito mais poderosa de liderar e inspirar equipes do que o medo supostamente transmitido por uma figura “superior”. Ou seja, demonstrar fraquezas e se mostrar vulnerável pode criar uma profunda relação de respeito que, além de tornar o trabalho mais prazeroso e divertido, tem resultados muito superiores comprovados em equipes de alto desempenho.

Cabe ao empreendedor identificar entre os gestores da sua empresa (e em si mesmo), a presença dessa insegurança de se mostrar vulnerável e começar a dar o exemplo. Distinguir e reconhecer o desempenho dos seus gestores através de uma avaliação 360°, com o feedback dos seus subordinados, é uma ótima forma de começar.

3. Liderança é um dom

A ideia do “líder nato” também é figurinha carimbada no folclore empresarial, o conceito de que as habilidades de liderança são herdadas geneticamente e adquiridas na nascença parecem persistir desde antigos reinados, e não tem espaço no atual mercado competitivo e globalizado.
A genética e a criação familiar certamente têm um papel forte na formação de algumas dessas competências, mas elas podem sim ser ensinadas, exercitadas e aprimoradas.

Com isso, fica claro que os empreendedores podem criar processos e sistemas de formação interna de líderes, mesmo entre os funcionários mais introvertidos e menos proativos. Mas esse processo não acontece da noite para o dia, é necessário investir em treinamentos, acompanhamentos, coletas de feedbacks e a implantação implantações de uma cultura empresarial de mentoria. O apadrinhamento entre colaboradores mais experientes e os mais novos na organização também pode ajudar.

Bota pra fazer, empreendedor!