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Como você faz qualquer coisa é como você faz tudo

Tudo que fazemos é importante mesmo depois de alcançar o sucesso que buscávamos. Tudo é uma chance de fazer e dar o nosso melhor.

Qualquer coisa que seja feita corretamente, mesmo que seja humilde, é nobre. — Sir Henry Royce

Seja lá o que você estiver fazendo agora, é provável que quisesse estar fazendo outra coisa. Mesmo que você trabalhe no seu emprego dos sonhos, talvez tenha que participar de uma ligação em conferência que gostaria de evitar, ou agendar alguma reunião como um favor para alguém, ou ainda tenha que lidar com algum detalhe administrativo que preferiria que outra pessoa estivesse cuidando.

Ou talvez você tenha acabado de chegar em casa do trabalho e está arrumando a bagunça. Talvez tenha algo pra escrever e o cansaço está batendo. Ou você tem algum dever de casa, um formulário para preencher, alguém para demitir ou precisa ter uma conversa difícil com alguém importante.

É fácil dar o cano nessas coisas. É tentador fazê-las de qualquer jeito. Mas você não pode.

Porque como você faz qualquer coisa, é como você faz tudo.

Muito depois do seu começo humilde, o presidente americano Andrew Johnson falaria orgulhosamente da sua carreira como alfaiate antes de entrar na política. “Minhas peças nunca rasgavam ou eram dadas”, ele dizia.

Na corrida eleitoral, um babaca tentou humilhá-lo ao falar sobre seu contexto de classe trabalhadora. Johnson respondeu sem titubear: “Isso não me desconcerta nem um pouco; quando era um alfaiate, eu tinha a reputação de ser bom e fazer roupas no tamanho certo, sempre pontual com meus clientes e sempre fazendo um ótimo trabalho”.

Outro presidente, James Garfield, pagou seu curso em 1851 ao convencer a sua faculdade, a Western Reserve Eclectic Institute, a deixá-lo ser zelador em troca da mensalidade. Ele trabalhou diariamente, sorrindo e sem se envergonhar. Toda manhã, ele tocava o sino na torre da universidade para dar início às aulas — seu dia começava bem antes disso — e corria para a classe com animação e determinação.

Apenas um ano depois de começar na escola, ele se tornou professor — ensinava um curso inteiro enquanto também estudava. No seu vigésimo-sexto aniversário, ele era coordenador.

Esses homens foram da pobreza ao poder por sempre terem feito o que eram pedidos para fazer — e de forma correta e com orgulho. Faziam melhor do que qualquer outra pessoa. Na verdade, faziam melhor porque ninguém mais queria fazer.

Às vezes, no caminho para onde estamos indo ou onde queremos estar, temos que fazer coisas que não gostaríamos de fazer. Frequentemente, quando estamos começando, nossos primeiros trabalhos “nos apresentam à vassoura”, como assinalou Andrew Carnegie. Não há vergonha alguma em varrer. É apenas mais uma oportunidade de dar seu melhor — e aprender.

Entretanto, estamos sempre tão ocupados pensando sobre o futuro que não nos orgulhamos o bastante do que nos é dado para fazer agora. Constantemente, só empurramos com a barriga, recebemos o salário e sonhamos com algum padrão de vida mais alto. Ou pensamos, isso é só um trabalho, não é quem eu sou, não me importa.

Isso é bobagem.

Tudo que fazemos é importante — seja vender suco para ganhar uma grana ou estudar para o exame da Ordem — mesmo depois de alcançar o sucesso que buscávamos. Tudo é uma chance de fazer e dar o nosso melhor. Só babacas pedantes é que acham que são bons demais para fazer seja lá o que suas ocupações exigem.

Independentemente de onde estivermos, o que fazemos e para onde estamos indo, devemos a nós mesmos, à nossa arte, e ao mundo, dar o nosso melhor. Essa é nossa primeira responsabilidade. E nossa obrigação. Quando a ação é a prioridade, a vaidade sai de cena.

É encomendado, ao artista, diferentes quadros e lhe são pagos diferentes cachês ao longo da vida, e o que importa é que ele trata cada trabalho como prioridade. Se é o mais glamuroso ou o maior pagamento, é irrelevante. Cada projeto importa e a única parte degradante seria se ele fizesse menos do que é capaz.

O mesmo vale para nós. Seremos e faremos muitas coisas nas nossas vidas. Algumas dignas de prestígio e outras onerosas, nenhuma nos rebaixará. Não importa com o que estamos lidando, nosso trabalho é responder com

  • trabalho duro;
  • honestidade;
  • ajuda aos outros com o melhor que pudermos.

Não deveríamos nunca nos perguntar "mas o que eu deveria fazer agora?". Porque sabemos a resposta: nosso trabalho.

Não importa se alguém está notando, ou se estamos sendo pagos, ou se o projeto for realizado com sucesso. Podemos e sempre devemos agir de acordo com aquelas três características — mesmo com obstáculos.

Nunca vão existir obstáculos que realmente vão nos impossibilitar de honrar nossas obrigações — teremos desafios fáceis ou mais difíceis, claro, mas nunca impossíveis. Toda e cada atividade requer nosso melhor. Seja quando estamos falidos ou lidando com clientes furiosos, ou ganhando muito dinheiro e decidindo como crescer dali, se fazemos o nosso melhor, podemos nos orgulhar das nossas escolhas e confiar que elas foram as certas. Porque fizemos nosso trabalho — não importa qual seja.

Claro, claro, eu entendo. “Obrigações” soa sufocante e opressivo. Você quer ser capaz de fazer o que quiser.

Mas o dever é bonito, inspirador e empoderador.

Steve Jobs se preocupava até mesmo com o interior dos produtos da Apple, para ter certeza de que eram projetados com cuidado mesmo que os usuários nunca os vissem por dentro. Ele foi ensinado por seu pai — que dava acabamento até na parte de trás dos móveis mesmo que ela fosse ficar escondida — a pensar como um artesão. Em cada ponto-chave do design, Jobs levava em consideração seus valores: respeite a arte e faça algo belo.

Cada situação é diferente, obviamente. Provavelmente não vamos inventar o próximo iPad ou iPhone, mas estamos fazendo algo para alguém — mesmo que seja só nosso currículo. Podemos tratar cada detalhe — especialmente o trabalho que ninguém vê, o que era difícil e queríamos evitar ou poderíamos ter nos livrado — da mesma maneira que Jobs fazia: com orgulho e dedicação.

O grande psiquiatra Viktor Frankl, sobrevivente de três campos de concentração, encontrou presunção no velho questionamento: “Qual o sentido da vida?” Como se fosse a responsabilidade de outra pessoa nos dizer. Em vez disso, ele afirmou que o mundo é que está nos fazendo aquela pergunta. E é nosso trabalho responder com ações.

Em cada situação, a vida nos faz perguntas e nossas ações são as respostas. Devemos, simplesmente, responder bem.

A ação efetiva — altruísta, dedicada, com maestria e criativa — é a resposta para aquela questão. Esse é um caminho para encontrar o sentido da vida. E para transformar cada obstáculo em uma oportunidade.

Se você vê qualquer ponto desses como um fardo, você está encarando da maneira errada.

Porque tudo que precisamos levar em conta são aqueles três pontos — dar o melhor, ser honesto e ajudar os outros e a nós mesmos. É tudo o que nos foi pedido. Nada a mais e nada a menos.

Claro, atingir a meta é importante. Mas nunca esqueça que cada etapa, individualmente, tem sua importância também — cada um é uma parte do todo. O todo não é certo, apenas as etapas.

Como você faz qualquer coisa é como você faz tudo. Podemos sempre agir corretamente.