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A luta dos empreendedores no enfrentamento do novo coronavírus

Melhora nos indicadores revela o enorme esforço de franqueadores e franqueados para manter negócios ativos

Que luta nós, empreendedores brasileiros, temos enfrentado para manter nossos negócios em meio à pandemia do novo coronavírus. A batalha é árdua em todos os setores. No caso do franchising, não é diferente. O setor vem enfrentando uma fase difícil, porém, estudos feitos pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) em parceria com a AGP Pesquisas indicam que a queda no faturamento vem desacelerando, vislumbrando tempos melhores.

Enquanto em abril a redução média da receita foi de 48,2%, em maio baixou para 41% e em junho desacelerou ainda mais, para 30,1%. Contudo, apesar da inevitável diminuição da receita, de acordo com a consulta, o franchising registrou apenas 0,9% de fechamento definitivo das unidades, um índice baixo se comparado ao dos negócios independentes. Para além da frieza dos números, esse dado revela o enorme esforço de franqueadores e franqueados para manter os negócios ativos e, consequentemente, os empregos.

Algo que considero importante destacar é que em momentos de crise como esse que vivemos, se as dificuldades aumentam, as virtudes do sistema de franquias ficam ainda mais evidenciadas. Contar com a orientação do franqueador, com sua experiência empresarial em períodos como esse, é um diferencial importante para o franqueado.

Uma outra vantagem do sistema é a capacidade das redes em negociar com fornecedores e locatários. Diante da pandemia, muitas delas se reuniram e negociaram em bloco com fornecedores gerais e com proprietários dos imóveis locados, a exemplo das administradoras de shopping centers.

Outro ponto a destacar no franchising em meio à crise da Covid-19 foi sua rápida capacidade de desenvolver ofertas mais adequadas para a situação atual. Diversas marcas lançaram mão de novos produtos, serviços e soluções para as pessoas que estão permanecendo mais tempo em casa, tais como cursos online, pratos pré-cozidos congelados das redes de alimentação vendidos em supermercados e marketplaces, entre outros exemplos.

Os franqueados, diferentemente dos empreendedores independentes de uma forma geral, também se beneficiaram do fato de integrarem redes digitalizadas. Ao operar no e-commerce, delivery, pelas redes sociais, através de marketplaces, por exemplo, os franqueados puderam fazê-lo conjuntamente, trocando experiências com a rede.

A urgência em obter crédito fez com que diversos franqueadores, desde o início da pandemia, dispensassem um enorme esforço para intermediar o acesso a linhas de financiamento aos seus franqueados junto às instituições financeiras, e algumas redes foram a primeira fonte de crédito para os seus franqueados.

Como exemplo, na consulta mensal ABF/AGP de abril, 51% das redes pesquisadas afirmaram dar apoio aos seus franqueados para obterem crédito. Nesse sentido, as redes associadas à ABF e seus franqueados estão sendo beneficiadas pela parceria firmada entre a entidade e a Caixa Econômica Federal, que oferece duas linhas especiais de crédito, com uma esteira de serviços diferenciada.

O suporte oferecido pelas empresas franqueadoras é uma outra virtude ainda mais evidenciada nesta pandemia. Creio que jamais as redes deram tanto suporte aos seus franqueados como agora. Nessa mesma consulta de abril, 22% das redes afirmaram já praticar as reuniões online antes da pandemia e 73% vão mantê-las após a Covid-19. São inúmeros treinamentos virtuais, lives exclusivas com preciosas orientações das franqueadoras para impulsionar as vendas online, tratar de questões jurídicas, comerciais, financeiras, enfim, tudo o que envolva a gestão da operação para atravessar esse mar turbulento.

Setor de franquias (Foto: ABF)

Esse suporte também foi dado aos franqueados nas ações digitais para atrair os consumidores. As franqueadoras intensificaram a comunicação digital para alavancar as vendas on-line dos seus franqueados. Ao contar com as práticas, orientações e plataformas das franqueadoras, eles estão enfrentando em melhores condições esse período desafiador.

Com essas ações, as bases para que o setor de franquias retome o faturamento estão lançadas, claro que demandando ainda muito trabalho e esforço conjunto de todos, franqueadores e franqueados.

Assim como nós, empreendedores, precisamos continuar trabalhando intensamente para mantermos nossos negócios ativos durante e após a pandemia, necessitamos também que o governo continue atuando para melhorar o ambiente de negócios no Brasil. Entre as medidas, a retomada da agenda de reformas, que está sendo feita pela tributária, ganhou ainda mais urgência com a pandemia. É preciso que esta e outras medidas sejam de fato implementadas para que o País possa vislumbrar a retomada real do desenvolvimento socioeconômico sustentável.

Seguimos na luta e eu, otimista que sou, continuo acreditando que crises também geram oportunidades e que sairemos mais fortes, mais eficientes e mais solidários dessa pandemia.